Discurso no Senado federal em Março de 2024
The Warpath
Olá, excelente manhã a todos neste histórico evento, obrigado pela presença nesta importante casa da democracia brasileira.
Gostaria de agradecer a oportunidade que me foi dada pelo Grão Mestre Leo Imamura, em tecer breves palavras acerca da importância das artes marciais para a sociedade.
Assim, vou aproveitar meus minutos aqui para falar sobre o Caminho do Artista Marcial, o Caminho da Guerra.
Isso pode assustar alguns, mas nesta sala cheia de renomados artistas marciais, acredito que não, certo?
Começo então, trazendo a lógica da alternância entre os extremos, que podemos chamar de: o Man e o Mo, o Yin e o Yang. Nesse contexto, na dinâmica de oposições entre extremos, afirmo que é possível trabalharmos com o Desenvolvimento Humano.
Mas o que seria o Desenvolvimento Humano? Podemos alcançar a Paz desejada, a paz entre as pessoas, entre as nações, a paz interior, sem conhecer o Caminho da Guerra?
Pensemos juntos sobre a nossa luta diária. Inerente a ela o combate humano entre desejos e renúncias, sonhos e frustrações, forças e fraquezas, e nessa dicotomia, a possibilidade de encontrar camadas mais profundas e verdadeiras de cada um de nós.
Acredito que diante das milhares de camadas que escondem quem somos de verdade, está o nosso verdadeiro Caminho.
E não se enganem, não há outra forma de arrancar essas camadas que escondem o nosso verdadeiro propósito, sem se estabelecer um caminho da guerra. Explico-me: qual guerra?
A guerra contra nossas fraquezas, medos, expectativas, ilusões, que nos cegam, e nos impedem de enxergar com clareza a realidade.
Principalmente nos dias de hoje, temos diante da nossa sociedade um caminho de luta constante, que a cada segundo – posso até dizer que a cada respiração – nos coloca de frente ao impulso de ser pouco, de se esconder atrás de máscaras digitais, bem como da preguiça de se manter em contínua evolução.
Comportamentos assim, estimulados por uma sociedade hipnotizada, podem trazer pensamentos mesquinhos, ignorantes, e posições que, somadas com o ego exacerbado, nos colocam em instantes de fraqueza, inveja, egoísmo…
É neste Caminho, de batalhas internas e externas, nesta luta constante consigo mesmo e no envolvimento com o seu desenvolvimento pessoal, que o artista marcial é de grande valia para a sociedade.
É na sua capacidade de tomar nas suas mãos a responsabilidade pela vida. Sem vitimismo, sem culpados. Toda Vitória ou Derrota é de nossa própria responsabilidade. Esse é o Caminho da Guerra…
Ressalto que o Caminho da Guerra citado aqui, percorrido e traçado por um artista marcial, traz a ponte entre passado e o futuro, na medida que aborda também o testemunho de sua própria vida, ele pode ser visto como um exemplo, um legado.
Assim, não está nas palavras do artista marcial o que mais importa, e sim no seu exemplo de vida, na riqueza com que constrói sem temer seu próprio caminhar, sem romper com seu legado e sem usurpar seu futuro. Não é o que recebemos ou deixamos de receber da Vida que importa. É sim, o que nós fazemos com aquilo que recebemos.
Em uma sociedade que tem se caracterizado por se esconder atrás de pseudo fragilidades para se posicionar, não consigo enxergar nada que seja mais relevante para o momento em que vivemos do que a arte marcial e o Caminho da Guerra…Caminho este que pode trazer para cada um daqueles que o buscarem, no seu mais alto nível, a verdadeira Paz.
Parabéns ao Mestre Tiago Quintela pela excepcional atuação!
4.5